quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Camaleão


E de repente a teoria ficou para trás e os conceitos não serviam mais. Todos os textos lidos e os estudos feitos foram necessários para o que estava por vir. A busca pelo autoconhecimento, o descobrir de si mesmo poderia começar a fazer algum sentido, mas viraram quase que crenças. A vida definitivamente não tinha sido feita pela razão. Todo aquele aprisionamento, dentro daquele casulo que durou quase quatro outonos, poderia enfim ter a sua metamorfose. Ser o que podias ser, sem ser escravo do que fizeste. O mundo deixou de ser o seu ideal, as coisas deixaram de ser o seu real. Algo fez renascer o que já existia ali dentro. E velhos hábitos quiseram tomar posse do que estava para começar. Estava para acabar a briga com o existir. Eu tinha sede de água e fome de pão, não de carne. Nem tudo tinha previsão, e o acaso passaria a ser meu guia. Não demorou muito tempo para que a impaciência fosse embora, e as angustias também, porque monotonia eu não teria com você.  Eu não trabalhava para nada e nem para ninguém, afinal não seria possível entender por onde ou qual caminho estava andando. Talvez tivesse árvore e terra ao redor, e eu procurasse pela cachoeira. Até compromissos eu perdi e me enchi deles, agora estava liberto. Eu me desfiz de barreiras para te receber, e você chegou feito um animal, aquele que se adapta ao cenário e eu teimo em esquecer o nome (camaleão?). Se sentiu a vontade, se debruçou sobre o chão e até chegaram a pensar que te conhecia a muito tempo. Aquele que chega do nada, e trás luz até para o escuro. Um dia me disseram que isso ia acontecer. Não sei se foi a muito tempo ou quando jogaram os búzios em meio aquela cesta cheia de pedras recentemente. Quisera eu tivesse um mar para transbordar ou um mundo mais convidativo. As palavras que saem da sua boca não se parecem com o que se passa na sua mente, que se perde e se encontra dentro a devaneios. Eu troquei o dia pela noite, como as vezes fazem os bebês. Aprendi a nadar para não me afogar. Eu só sei entrar de cabeça, da hora de ficar ou de partir. Cada vez eu fico mais solto e preciso de menos artifícios para isso, mesmo com minhas pernas bambas. Hoje preciso de inspirações masculinas, com vozes brandas, corações apertados e músicas tranquilas. Um em um milhão. Chega de ensaiar papéis, que comece o show!

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