E de repente a teoria ficou para trás e os
conceitos não serviam mais. Todos os textos lidos e os estudos feitos foram
necessários para o que estava por vir. A busca pelo autoconhecimento, o
descobrir de si mesmo poderia começar a fazer algum sentido, mas viraram quase
que crenças. A vida definitivamente não tinha sido feita pela razão. Todo
aquele aprisionamento, dentro daquele casulo que durou quase quatro outonos,
poderia enfim ter a sua metamorfose. Ser o que podias ser, sem ser escravo do
que fizeste. O mundo deixou de ser o seu ideal, as coisas deixaram de ser o seu
real. Algo fez renascer o que já existia ali dentro. E velhos hábitos quiseram
tomar posse do que estava para começar. Estava para acabar a briga com o
existir. Eu tinha sede de água e fome de pão, não de carne. Nem tudo tinha
previsão, e o acaso passaria a ser meu guia. Não demorou muito tempo para que a
impaciência fosse embora, e as angustias também, porque monotonia eu não teria
com você. Eu não trabalhava para nada e
nem para ninguém, afinal não seria possível entender por onde ou qual caminho
estava andando. Talvez tivesse árvore e terra ao redor, e eu procurasse pela
cachoeira. Até compromissos eu perdi e me enchi deles, agora estava liberto. Eu
me desfiz de barreiras para te receber, e você chegou feito um animal, aquele
que se adapta ao cenário e eu teimo em esquecer o nome (camaleão?). Se sentiu a
vontade, se debruçou sobre o chão e até chegaram a pensar que te conhecia a
muito tempo. Aquele que chega do nada, e trás luz até para o escuro. Um dia me
disseram que isso ia acontecer. Não sei se foi a muito tempo ou quando jogaram
os búzios em meio aquela cesta cheia de pedras recentemente. Quisera eu tivesse
um mar para transbordar ou um mundo mais convidativo. As palavras que saem da sua
boca não se parecem com o que se passa na sua mente, que se perde e se encontra
dentro a devaneios. Eu troquei o dia pela noite, como as vezes fazem os bebês.
Aprendi a nadar para não me afogar. Eu só sei entrar de cabeça, da hora de
ficar ou de partir. Cada vez eu fico mais solto e preciso de menos artifícios
para isso, mesmo com minhas pernas bambas. Hoje preciso de inspirações
masculinas, com vozes brandas, corações apertados e músicas tranquilas. Um em
um milhão. Chega de ensaiar papéis, que comece o show!
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