domingo, 30 de março de 2014

Do 1º Raio de Manifestação da Luz Espirital Refratada

Podemos ser a fé, a proteção, a determinação e a força da vontade para a manifestação no plano da criação e da concretização. Com a libertação do medo e da dúvida para o aperfeiçoamento da alma devemos dar o primeiro passo para a prática. Não necessitamos de qualquer artifício facilitador ou conselheiro, pois os meios e caminhos para ser manifestado tudo o que se eleva e se purifica, se liberta dos grilhões e retorna, tudo o que é iluminação, o que é edificante, a vida faz com que bata em nossos corações. Vivemos num mundo de aparências onde um caminho de amor, paz, consolo, fartura, iluminação e bem-estar mental e emocional é o que parece nos trazer satisfação. Porém estamos satisfeitos com o que somos e representamos? Aceitaremos a metade se podemos ter algo inteiro? Queremos viver na limitação e num corpo alquebrado? Será possível viver totalmente livre no pensar, no sentir e de todas as coisas mundanas?

quinta-feira, 27 de março de 2014

Oca

 
Adentrávamos um caminho cheio de retornos e pensamentos mundanos com a possível recusa que poderia acontecer. Com o combustível sendo consumido ferozmente. A única coisa que se sabia era do reconhecer a estrada e virar para o lado certo quando chegasse a bifurcação. Era preciso silêncio para chegar e já estavam a nos aguardar. Aquilo tudo já havia sido escrito. O ambiente era propício e eu me sentia bem-vindo. Limpamos nossa energia com o elemento mais líquido disponível. Foi num fechar de olhos que a experiência começou. Era de uma luz violeta tão viva, que se fundiu com correntes azuis, se fazendo descobrir um escravo. De um olho egípcio, fez-se surgir uma mulher que picada por uma cobra encontrava sua morte. Foi então que de uma água verde, feita de plantas, meus braços, meu corpo foi todo limpo. Coisas mais complexas começaram a aparecer. A informação de que a personalidade se dividia em 24 partes, que se dividia em 12, que se dividia em 8, que se dividia em 4, que se dividia em 2 e eram as únicas que se manifestavam na matéria. Preferi não entrar nesse pensamento para que não houvesse limitação ou bloqueio. Quando eu ia sair para outro espaço, decidi voltar. Levantei com aquela sensação imensa de todos os que se faziam presentes ali, em cima do altar e ao redor. Era uma noite propícia para entrega total, mas preferi ficar em mim. E eu tinha que fazer força. Percebi que a melhor maneira seria a dança. Uma vez que pela minha mão, mais precisamente na ponta dos meus dedos, já não circulava quase sangue, tal era o frio que se fazia presente. Vestiste-me como uma santidade, ou um xamã. A sua preocupação para que fosse uma experiência totalmente confortante e marcante era sem dúvida algo que me tocava. Em alguns momentos me sentava perto das imagens, outras ensaiava passos ao redor do círculo de índios vestidos com peles de animais. Enquanto isso observava. A energia se fazia em cada estrela de cada ponto dos meridianos do meu corpo. Não tinha como não sentir aquilo, mesmo sem ter me consagrado. Figuras curiosas surgiam com rituais tão próprios e tão meus naquele momento. Acendeu-se a fogueira e eu decidi ir queimar com ela. Podia sentir as gotas de chuva caindo, que pela primeira vez me fizeram um bem tão particular. Elas eram como parte de mim que caia do céu e se juntavam nas minhas células que já estavam secas. Quando vi que entravas mais fundo naquele mundo tão místico e majestoso, internamente sabia que iria cuidar de você, mesmo que não precisavas. Continuei observador. Pude sentir o quão grande se tornava a cada segundo presente. Quando se fica tanto tempo dentro de si, a introspecção se torna sua amiga. Mas os desafios não acabam quando se encerra. A gratidão não andava sempre comigo, muito menos o abraço. Era como se eu tivesse abrindo uma caixa timidamente, com vergonha de me mostrar tão aberto, disponível. Impressionante como tudo se abre infinitamente se conectando de todas as formas para te mostrar sem propósito nenhum que seus passos estão sendo observados e que forças maiores assistem tua caminhada com felicidade plena. Não foste o único a derramar lamúrias em formas de lágrimas. Um egoísmo estava tão bem abrigado dentro de mim e tão no canto, que era quase impossível de ver que ele poderia ser um ponto tão frágil dentro de um sistema tão grande. Agora é um trabalho constante de informações que saem voando dos meus pensamentos querendo vir à Luz param serem libertos.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Monólogo de uma relação entre animais

Onde eu estava para chegar ao ponto de se perder de mim? Já havia me perdido em ruas desertas e estradas que não tinham fim, mas nunca em labirintos tão vastos. Inventei instrumentos, tive de usá-los para recriar. Usei corais de vozes para que ecoassem no universo e me trouxessem de volta alguma resposta. Uma ilha deserta interminável cheia de ancestrais foi o que achei, antes mesmo que voltasse a dormir. O céu tinha me dito que tudo ao redor me faria duvidar. O universo não estava nem lá; então veio a luz, o som e a matéria para que o mundo se tornasse o que conhecemos. Tornou-se cada vez mais alto e menos audível. Dentro de mim, cristais cresciam e era possível ouvi-los. Equalizando a generosidade. Subestimando até mesmo o silêncio. Octógonos, polígonos e cristalizadores de galáxias. Eternos em suas vozes. Cheios de certezas e barulhos. Atirando em tudo que vinha à sua frente. Destruidores de rotina. Solitários. Acabando tudo em cinza; defumando os dormitórios de dentro daquilo que podia se chamar de alma. Sincronizando a agonia e o medo, por acidente. Com órgãos sendo tocados por mãos que nunca antes tinham sido tocadas. Estranhamente escolhidas para aquela ocasião. Um amargor por descer tão fundo. Foi a tragédia de ver no rosto como contava aquelas histórias de maneira tão própria e tão particular. Uma estátua pronta para ser destruída se descobrisse a verdade que existia em tudo aquilo. Um mecanismo para repetir tudo da mesma forma. Conforme as fases fossem passando e pigmentando o céu com as estrelas. Como se eu já não tivesse visto tudo antes e não pudesse imaginar como tinha sido feito. Não havia presenciado sua figura, mas podia desenhá-la mesmo assim. Cheia de curiosidades e manifestações. E mesmo que eu pudesse deixar ser destruído, eu preferi costurar e manter tudo escondido, sabendo que você faria questão de desbordar para ver o que havia lá dentro, o que já na verdade sabias. Eu já havia entendido que era tudo seu. Queria que eu participasse, mas de forma superficial das mudanças que as placas tectônicas faziam. Trocando de turno, num coro mutuo. Você não sabia que eu havia aquilo em mim. Eu não sabia que você havia aquilo em você. Não queres ouvir a oferta das cores que possuem um acordo? Uma contagem regressiva no que insistia ser distância. Eu sabia que você já tinha dado tudo, e continuavas a me oferecer. Uma erupção. Eu nunca quis voltar ao passado, por mais que ele insistia em aparecer; mas algumas coisas precisam aparecer para que desapareçam e surjam outras novas. Estava envenenado, para um sacrifício de ação. Se eu entendia? O teclado mudava de botões conforme eu mudava o idioma, como iria? Decidi fechar as portas no silêncio e agradecer por algo que deverias fazer. Quando seus olhos deveriam lembrar o começo, quando viste o escuro e as luzes de novo. Um caminho que se tornava uma pedra bruta, polido pelas chamas. Todas aquelas cores. Atrás do que seria uma mente desejada. Deveria eu, poderia eu, iria eu frequentemente prever milagres? Dessa intimidade com a sua liberdade. Não era minha intenção pegá-la, por mais que ela estivesse em minhas mãos. Como um vírus, num frágil organismo quis ladrar como uma chama. Eu entrei em você e descobri seu jogo.  Pacientemente eu esperei voltar. Eu nunca possuo nada, não pretendia que fosse agora. Eu esperava que fosse pedir para que essa história não terminasse e que eu pudesse contá-la no próximo sono. Geralmente eu aguardo para que a correção determine o próximo passo. Às vezes, em alguns momentos, a gente se sente preenchido e andamos de costas para o tempo passar mais devagar.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Que

Que a minha alma possa se livrar de qualquer preconceito, crença ou preceito. Que meu corpo deixe de ser sofredor, e num momento de um instante deixe de sentir. Que tudo que eu leio, qualquer seita que possa ter seguido, desapareça e não seja nada do que eu possa entender. Que não consiga achar palavras, muito menos para dizer. Me perder e me entregar ao que será. Do chegar ao fim sem ao menos ter começado. Que eu ouça apenas o silêncio do barulho. Ir à dança enquanto rodo. E da minha natureza reste apenas o ciclo. Dessa cadeia de lições que não sobre nenhuma para casa. Sinta apenas o que não for passageiro. Que o eterno dure infinito. Posso ser tudo o que eu quiser, sem deixar de ser quem sou. Porque posso querer ser tudo, mas eu sou nada!