terça-feira, 12 de agosto de 2014

Ansiedade

 
Engraçado como que esse sentimento brotou e me vêm à cabeça, que mesmo que todo esse luxo te cerque, a única lembrança e sentimento que te acompanha é a simplicidade. Tem momentos que eu busco na mente, que ao mesmo tempo em que bate a saudade e a carência e a atenção, é a única coisa que eu quero. Nosso documentário é sobre o mar e as histórias do passado, que ainda não passaram. Me lembro do mar. Qual a diferença entre mim e os demais? Na vida bebemos mentiras para vomitar ilusão. Melhor nem questionar o quanto vou viver. Das cinzas eu surgi, das mesmas cinzas hei de voltar. Me compadeço da figura que desenha no espelho, mas só o suficiente para a inspiração. Quando as mãos gelam, e o desejo vai na frente da vontade. Ansiedade. A plenitude de saber que um dia vai acabar. Só o amor vai durar. Só o amor dura. Viver de presente não é suficiente. Quero tudo ao mesmo tempo, o passado e o futuro, como um refém, tendo medo do que vem e insistindo e fazendo questão de controlar. Que a explosão aconteça do atrito de um abraço.

Gaiolas

 
Sois tão vós, assim como o amor é incondicional frente ao poder do universo. Amei-te desde antes de conhecer-te por inteiro, talvez o motivo de continuar, pois sois além das aparências que nem mesmo tu podes enxergar, muito menos os mortais conseguem ver, e eu sempre vejo o melhor que podes ser. Se eu soubesse que querias escrever, teria dado meu corpo, como há muito havia dado. Se soubesse que querias recitar, teria dado meu ouvido para que a cada sussurro sua voz penetrasse naquele mundo todo que eu criara para mim. Sou apenas um dançante pelo mundo esperando que a rosa brote, esperando pelo sol para mim e para as plantas. Das coisas que aprendi de ti que nunca me deixaste ver a morte do inverno, que me mostrara todas as belezas do plantio e da certeza de que as sementes brotam e com elas as belezas que apenas um flor pode nos dar. Da sua ausência abri minhas gaiolas e o que era livre fugiu. Não foi quem repetiste que o medo de voar era o medo de partir. Serás sempre bem vindo mesmo com a certeza de que vais voar. Afinal o que é um pássaro sem liberdade?

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Adaptáveis


E se ao invés de escrever eu digitar? Não estou para julgar, mas para constatar. Estamos todos em chamas. Com a pele sensível e a ponto de explodir. O que é isso além um reencontro com o que perdemos há algum tempo? Buscamos satisfazer nossas necessidades, em corpos iludidos pela vaidade. Somos só mais um no meio dentre tantos outros. Pedindo perdão por sermos nós mesmos e regredindo ao ponto de querermos ser crianças. Contando o tempo com o pulsar do coração, que dança no meu peito. Não somos criados para sermos originais. Adaptáveis. Esperando a oportunidade de mostrarmos tudo isso. Somos só mais um. Entorpecidos pela realidade. Ouvindo histórias que precisam ser pintadas de novo. Deslumbrados por troféus que só nos dizem o quanto somos incapazes. E esperar que em breve façam festa. Por que um sotaque pode me levar e tirar da realidade a ponto de que querer estar em outro lugar e agir diferente? Quantos estímulos serão necessários para que possa haver uma mudança? Singular. Nem parece que foi ontem. Do roer dos dentes. Me absorva mais. Do que faz fermentar pensamentos que aparecem sem avisar.

domingo, 3 de agosto de 2014

Império

No meu próprio reino tu me tornaste um príncipe que não precisava de uma redoma, mas sim de todo cuidado. Plantamos sementes no jardim um do outro. Depois fugiste e regressaste me desejando sucesso, confundindo a mágica. Dizia que eu não precisava de luz para iluminar. Foste tu clareando. Preencheste-me com todo o alimento que podias me oferecer, suprindo-me. Não sabia medir o medo. Negava-me a prever. A realeza habitava mesmo que sem nenhum aparato. Que eu despertava. Cristalizando para que o coração pudesse continuar vibrando. Eras um rei do reino de onde estivesse. 
Existia uma cantante que dizia que só se vivia duas vezes, e eu gostava de pensar desta forma. Uma vida para você e a outra para a dos seus sonhos. Poderia ser uma ilusão, e nada daquilo ser verdade. Quando pensava em ti é como se tivesse um gigante em meu coração, me dando toda a sua magia. Tão distante, mas ao mesmo tempo tão perto. Adormecendo enquanto desperto.
E o que é um sonho se não uma utopia? Ele existe na ilusão para se materializar real. Cada vez que meu coração se dividia e eu criava conexões que iam além do infinito ou das aparências, era possível sentir. Éramos todos os mesmos. Se deixávamos a razão controlar nossa essência, tínhamos questionamentos. Podíamos vestir quantas mascaras quiséssemos ou fosse preciso para não nos reconhecerem no baile, porém, éramos capazes de perceber um ao outro. Mas cada mágica tinha seu preço. Eu não conseguia ser pela metade, e nem você. Tudo o que tu sentias, eu sentia. Éramos criadores das nossas realidades. Como o êxtase de uma bela melodia que ecoava por todos os salões. Todos sabiam que o amor havia chegado e me encontrara de coração e braços abertos.
Estávamos no auge da glória. Acima de tudo respeitando um ao outro. Pedindo que não pensasse por ninguém, nem mesmo por mim, mas sim por você. Encantando-te com minhas palavras enquanto me encantava com sua presença. O amor sendo o maior poder que tínhamos, bastando ser o seu melhor sempre. Era ser feliz por completo. Suscitando questões de quem faria você feliz além de mim. Desejando-te boa noite enquanto contava estrelas. Sendo grato pelos nossos tronos e as coisas boas que tinha sido desde então, amando para sempre aquela conexão que ninguém podia desmentir. Somente nós podíamos cuidar do nosso império.
Quando se sabe o quanto é possível alcançar, não faz sentido querermos menos. Pulando sem perguntar o porquê, colocando-te tão alto no céu. Quem vai para uma batalha sabe que talvez se machuque, mas não seriamos covardes. Eu não pretendia começar uma guerra. Uma batalha nunca se faz sozinho e eu só queria entrar. 
Quando amanhecia eu continuava sendo um grande príncipe, e sempre seria. Podias me ver maior do que aparentava, dizendo obrigado pelos lindos dias. Eu complementava com as descobertas. Éramos desbravadores. Eu amava o que vibrava em ti, e ser o seu melhor era o que me despertava. Eu não me importava de ver os anos passarem. Havia prometido a mim mesmo que não deixaria escorrer pela face qualquer manifestação de tristeza, afinal era de felicidade que aquilo era feito. Lembrar-me-ia de todas as palavras e manifestações de carinho sempre que precisasse de um amigo, amante, amado e príncipe, lindo rei. Nunca foi possível mudar o que passou e eu sei que vou voltar.
Tu me dizias ser um reino pequeno por fora e enorme por dentro. Com apenas dois moradores, príncipe e rei, que se comunicavam pelo toque. Alimentando-se pela forte energia transmitida e vivida entre eles nauqele reino que parecia de outro mundo. Não eramos humanos. Um governando o outro e em ambos o império existindo. O planeta do movimento se paralisou naqueles instantes. Ainda estão lá, detrás das muralhas. Eis de vê-los.