domingo, 3 de agosto de 2014

Império

No meu próprio reino tu me tornaste um príncipe que não precisava de uma redoma, mas sim de todo cuidado. Plantamos sementes no jardim um do outro. Depois fugiste e regressaste me desejando sucesso, confundindo a mágica. Dizia que eu não precisava de luz para iluminar. Foste tu clareando. Preencheste-me com todo o alimento que podias me oferecer, suprindo-me. Não sabia medir o medo. Negava-me a prever. A realeza habitava mesmo que sem nenhum aparato. Que eu despertava. Cristalizando para que o coração pudesse continuar vibrando. Eras um rei do reino de onde estivesse. 
Existia uma cantante que dizia que só se vivia duas vezes, e eu gostava de pensar desta forma. Uma vida para você e a outra para a dos seus sonhos. Poderia ser uma ilusão, e nada daquilo ser verdade. Quando pensava em ti é como se tivesse um gigante em meu coração, me dando toda a sua magia. Tão distante, mas ao mesmo tempo tão perto. Adormecendo enquanto desperto.
E o que é um sonho se não uma utopia? Ele existe na ilusão para se materializar real. Cada vez que meu coração se dividia e eu criava conexões que iam além do infinito ou das aparências, era possível sentir. Éramos todos os mesmos. Se deixávamos a razão controlar nossa essência, tínhamos questionamentos. Podíamos vestir quantas mascaras quiséssemos ou fosse preciso para não nos reconhecerem no baile, porém, éramos capazes de perceber um ao outro. Mas cada mágica tinha seu preço. Eu não conseguia ser pela metade, e nem você. Tudo o que tu sentias, eu sentia. Éramos criadores das nossas realidades. Como o êxtase de uma bela melodia que ecoava por todos os salões. Todos sabiam que o amor havia chegado e me encontrara de coração e braços abertos.
Estávamos no auge da glória. Acima de tudo respeitando um ao outro. Pedindo que não pensasse por ninguém, nem mesmo por mim, mas sim por você. Encantando-te com minhas palavras enquanto me encantava com sua presença. O amor sendo o maior poder que tínhamos, bastando ser o seu melhor sempre. Era ser feliz por completo. Suscitando questões de quem faria você feliz além de mim. Desejando-te boa noite enquanto contava estrelas. Sendo grato pelos nossos tronos e as coisas boas que tinha sido desde então, amando para sempre aquela conexão que ninguém podia desmentir. Somente nós podíamos cuidar do nosso império.
Quando se sabe o quanto é possível alcançar, não faz sentido querermos menos. Pulando sem perguntar o porquê, colocando-te tão alto no céu. Quem vai para uma batalha sabe que talvez se machuque, mas não seriamos covardes. Eu não pretendia começar uma guerra. Uma batalha nunca se faz sozinho e eu só queria entrar. 
Quando amanhecia eu continuava sendo um grande príncipe, e sempre seria. Podias me ver maior do que aparentava, dizendo obrigado pelos lindos dias. Eu complementava com as descobertas. Éramos desbravadores. Eu amava o que vibrava em ti, e ser o seu melhor era o que me despertava. Eu não me importava de ver os anos passarem. Havia prometido a mim mesmo que não deixaria escorrer pela face qualquer manifestação de tristeza, afinal era de felicidade que aquilo era feito. Lembrar-me-ia de todas as palavras e manifestações de carinho sempre que precisasse de um amigo, amante, amado e príncipe, lindo rei. Nunca foi possível mudar o que passou e eu sei que vou voltar.
Tu me dizias ser um reino pequeno por fora e enorme por dentro. Com apenas dois moradores, príncipe e rei, que se comunicavam pelo toque. Alimentando-se pela forte energia transmitida e vivida entre eles nauqele reino que parecia de outro mundo. Não eramos humanos. Um governando o outro e em ambos o império existindo. O planeta do movimento se paralisou naqueles instantes. Ainda estão lá, detrás das muralhas. Eis de vê-los.

Um comentário:

  1. Um reino pequeno por fora e enorme por dentro... Com apenas dois moradores, príncipe e rei, se comunicavam pelo toque. Se alimentavam pela forte energia transmitida entre eles e viviam naquele reino que parecia de outro mundo. Não eram humanos... Um governava o outro e em ambos o império existia. O planeta do movimento, ficou paralisado naqueles instantes. Ainda estão lá, atrás das muralhas... eis de vê-los.

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