terça-feira, 8 de abril de 2014

Vara de cutucar estrela



Ele era apenas um garoto, mas aprendeu que se soprasse poderia mover as estrelas e mudar seu destino. Não era preciso muita concentração, pois era uma mente pura. Era sagrado admirar o divino e quase surreal ter a magia tão à mostra, tão acessível. À noite sempre banhado pela Lua dizia o que havia sobre todo o universo. Tinha nascido filho da Terra, junto da mata, com uma tempestade de trovão. Parecia estar vivendo seu momento mais escuro, todos os demônios estavam saindo e nem se importavam se era momento ou não. Sempre carregando as culpas em sacolas, tirando de si e enchendo muitas delas, desfilando como se fosse um privilegio compra-las de vitrines, ao invés de jogar fora. Se tivesse a chance teria feito tudo de novo. Afinal era tudo sonho, se vestia de ilusão e ela se tornava sua matéria.  Começava a conhecer a limitação e já adorava impô-las em todos os momentos. Na cascata de seus pensamentos era possível fazer teias douradas, e mesmo que caíssem todos os véus, nada poderia quebrar esse bloqueio. Os bolsos todos cheios de pedras, porque se as observasse de perto, elas eram a manifestação do divino. Olhando de baixo conseguia observar os medos de cada um, quando por cima as palavras passavam ao seu lado. Parecia haver uma escolha para salvar a si mesmo, ou submergir ou nunca se deixar ir. Não se dava bem com a solidão e passava a maior parte do tempo com seres invisíveis, fazendo-os ocultos de vez em quando para que entrasse na sua própria sabotagem. Era visível vindo pelos telhados e com nitidez se as janelas estivessem abertas, até mesmo com os olhos fechados. Não tinha luz, pois ela era ele mesmo. Tudo aquilo que estava para emergir havia sido destinado, não se faz um mestre se ele não quiser ser. Não achava que aquilo fosse ser tão violento. Esperava por uma revelação, mas ela já havia sido feita. Porque podemos apagar da memória todas as lembranças, mas com elas vão todas as outras coisas que se acoplam energeticamente a ela, inclusive o aprendizado. Estava agora reunido ao Todo e sendo grato por apreender de cada uma das suas extensões manifestadas.

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